UFMG vai participar de testes de medicamento da Pfizer contra a Covid-19.
Medicação provoca uma redução da carga viral, impedindo o agravamento da doença com manifestações mais sérias dos sintomas e o risco de morte.
A Faculdade de Medicina da UFMG vai participar dos estudos da Pfizer para testagem de uma medicação oral contra a Covid-19. A instituição mineira foi uma das escolhidas pela farmacêutica norte-americana para comandar a pesquisa no Brasil.
O composto que será testado na UFMG é o PF-07321332, que está sendo desenvolvido para prevenção da infecção e dos sintomas causados pela Covid. A medicação é um antiviral que provoca uma redução da carga viral, impedindo o agravamento da doença com manifestações mais sérias dos sintomas e o risco de morte.
De acordo com a UFMG, o estudo será no modelo duplo cego, em que os voluntários são aleatoriamente divididos em dois grupos. Um recebe a medicação e outro placebo. O tratamento é feito com duas doses diárias do composto PF-07321332 associado ao ritonavir (usado para aumentar o nível da droga ativa), por cinco dias seguidos.
O acompanhamento terá duração de 24 semanas, com três visitas presenciais no primeiro mês e as demais consultas feitas por telefone.
Voluntários
No Brasil são cerca de 3 mil participantes do estudo, mas não há limite de recrutamento para a Faculdade de Medicina da UFMG. A previsão, porém, é que essa etapa se encerre ainda neste mês, com resultados finais sendo divulgados em até seis meses após esse período.
“Esse é um dos primeiros estudos feitos com medicação oral e é um grande avanço que se soma às outras estratégias de intervenções, tanto preventivas quanto terapêuticas, contra o Coronavírus. Uma vez comprovada a eficácia do medicamento, espera-se produção em larga escala e acesso universal, a exemplo de outras doenças infecciosas globais como HIV e tuberculose”, destaca o professor Jorge Andrade Pinto, coordenador dos estudos na Faculdade de Medicina.
O voluntário receberá um tratamento fácil de ser seguido, uma vez que será feito por via oral. Jorge Pinto acrescenta, ainda, que os antivirais de uso oral são mais fáceis de serem produzidos que as vacinas e exigem menos recursos para armazenamento e manuseio.
A medicação testada é a mesma já utilizada em outros dois estudos da Pfizer em que a Faculdade de Medicina da UFMG também participa. No segundo estudo (1002), previsto para começar na segunda quinzena de outubro, a segurança e eficácia será em relação à população de baixo risco, incluindo pessoas já vacinadas. O terceiro teste (1006), com início previsto até novembro, tem o objetivo de verificar o composto em uso preventivo para pessoas que convivem com quem foi diagnosticado com covid-19.
Como participar
A UFMG informou que estão abertas as inscrições de voluntários para o primeiro estudo, que tem o objetivo de avaliar se a medicação reduz a duração e a gravidade da Covid-19 em pessoas recentemente diagnosticadas e que apresentam risco aumentado para a forma grave da doença.
Podem participar pessoas não vacinadas e que não pretendam se vacinar durante a pesquisa, com pelo menos 18 anos e algum fator clínico como índice de massa corporal acima de 25, tabagismo, 60 anos ou mais de idade, diabetes, doença renal crônica, cardíaca ou pulmonar, imunossupressão ou algum câncer em atividade.
Os interessados devem entrar em contato pelo telefone (31) 98109-1143 e pelo e-mail cov3001.ufmg@gmail.com, apresentar o exame realizado nos últimos cinco dias com o resultado positivo para covid-19 ou apenas ter desenvolvido manifestações características da doença.
Nesse caso, a equipe responsável avaliará os sintomas e fará a testagem. Os voluntários serão recebidos no ambulatório São Vicente, do Hospital das Clínicas da UFMG, para coleta de exames e, posteriormente, na Unidade de Pesquisa Clínica em Vacinas (UPqVac) da Faculdade de Medicina da UFMG.
A participação é gratuita e os voluntários serão ressarcidos com o custo de deslocamento.