Secretário de Saúde alerta para alto risco de contaminação durante a Semana Santa.
“Fique em casa, não aglomere, não receba amigos. É época de esforço para preservar vidas. Não há tempo de arrependimento”, pede Fábio Baccheretti
O feriado de Semana Santa, que começa nesta quinta-feira (1/4), deverá ser de isolamento social e restrições à população. O secretário de Estado de Saúde, o médico Fábio Baccheretti, ressaltou em coletiva à imprensa que o estado enfrenta o pior momento da pandemia em relação ao número de óbitos e de ocupação de leitos de UTI. Por isso, é fundamental que a sociedade entenda a necessidade de se cumprir as medidas impostas pela onda roxa do plano Minas Consciente.
“Feriados sempre foram experiências muito ruins em relação à pandemia. Em outros momentos a incidência se elevou duas semanas após os feriados. A nossa expectativa é diferente (na Semana Santa), uma vez que estamos na onda roxa, os hotéis não funcionam, há restrições de circulação nos horários noturnos e apenas o essencial fica aberto. O papel de cada um é que vai determinar o sucesso ou não deste momento”, afirmou o secretário.
Ainda segundo Baccheretti, “qualquer reunião familiar que aglomere pessoas aumenta em muito o risco de contaminação. A gente entende o momento que cada um vive, mas não há tempo de arrependimento. O vírus vem circulando de forma intensa na sociedade. Fique em casa, fique com seu núcleo familiar, não vá à casa de parentes, não receba amigos. Não é época para isso, é época de um esforço conjunto para preservar vidas”, alertou, na coletiva desta quarta-feira (31/3).
Onda roxa
O secretário também apresentou a evolução da doença no estado desde a implantação da onda roxa em todas as regiões mineiras, há 15 dias. Segundo ele, é possível observar queda na incidência da covid nas regiões que mais cumpriram as recomendações da fase mais restritiva do Minas Consciente. No entanto, ainda é necessário manter o isolamento para que os números reflitam em queda de ocupação de leitos e número de mortes.
“O óbito é o indicador mais tardio. Quando vemos esse óbito se elevando, isso é reflexo de casos de pessoas que se internaram há cerca de duas semanas. Veremos um aumento de óbitos nessas regiões ou pelo menos uma constância neles, mas daqui a pouco eles irão cair”, pontuou. “Nossa ocupação de leitos está cada vez mais próxima de 100%. É um cenário nunca antes vivido pelo estado. É o pior momento da pandemia”, disse.
De acordo com o secretário, é possível observar melhora nos índices em regiões que iniciaram primeiro a onda roxa, há 30 dias, e que cumpriram as medidas de isolamento, como a macrorregião Triângulo do Norte e a microrregião de Patos de Minas. Elas vão evoluir para a fase vermelha a partir da próxima segunda-feira (5/4). Segundo Baccheretti, o resultado confirma a efetividade da ação.
“As regiões que estão progredindo para a vermelha mostram que a onda roxa é um sucesso. Devemos ver, daqui a pouco, esses indicadores regredindo no estado como um todo. As regiões em que há maior sensibilização da população e maior empenho da gestão municipal estão colhendo frutos de forma mais rápida. E, assim, conseguimos progredir diante do Minas Consciente”, completou.
Kit intubação
A maior preocupação da Secretaria de Estado da Saúde, hoje, é em relação ao estoque de medicamentos do chamado kit intubação, necessário para realizar o procedimento. Segundo o secretário, esse é o maior gargalo para a abertura de novos leitos.
“Ainda não recebemos todo o quantitativo prometido para o Estado. O que mais vem nos preocupando é a lentidão da distribuição desses medicamentos pelo governo federal. Neste momento, a gente vem distribuindo a conta-gotas porque não termos grande estoque. Temos para garantir três dias de medicamento. É uma situação muito complexa”, afirmou Baccheretti, citando que há expectativa de recebimento dos insumos nos próximos dias pelo Ministério da Saúde.
Contratação de profissionais
Outro ponto que dificulta a abertura de novos leitos, segundo o secretário, é a falta de recursos humanos. A aprovação do PL 2.591/2021 nessa terça-feira (30/3), pela Assembleia Legislativa, poderá auxiliar nesse processo, uma vez que a proposta autoriza a convocação de profissionais voluntários, estudantes da área de saúde, entre outros.
O secretário lembrou que a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) já realizou mais de 70 chamamentos públicos para a contração de profissionais e que, mesmo com o aumento da remuneração e a ampliação das especialidades, ainda há dificuldade.
“Muitos contratados trabalham em dois ou três hospitais e não têm mais disponibilidade. Prevemos conseguir ampliar o número de leitos com a nova gama de profissionais a serem contratados (a partir do projeto)”, pontuou.
Abertura de leitos
Conforme o secretário, está em processo de abertura na rede Fhemig mais 40 leitos de UTI para a região Central. Na última semana, 33 leitos foram abertos na mesma localidade. Existe a tentativa de abertura de mais unidades em diversas regiões, especialmente Oeste e Vale do Aço, que têm a situação mais grave da pandemia.
“Minas tinha 2.200 leitos, hoje são mais de 4.500. Nunca se teve tanto leitos. Só de enfermaria eram 7 mil e hoje são 20 mil leitos. Mas lembrando que o crescimento da doença é muito maior que a capacidade de abertura de leitos, pela escassez de recursos humanos e pela recente escassez de insumos”, ressaltou o médico.
Impacto da vacinação
Baccheretti ainda destacou que a vacinação é o único caminho para o controle da pandemia a longo prazo. Dados da Secretaria de Estado de Saúde demonstram que a internação de pacientes acima de 85 anos já reduziu após a vacinação desse grupo prioritário.
“Devemos colher frutos naqueles acima de 70 anos dentro de 35 dias, que é o prazo de imunidade esperada. Em meados de maio poderemos sentir redução ainda maior no número de idosos internados”, concluiu o secretário, citando a perspectiva de que Minas receba, nos próximos dias, o maior lote de imunizantes do Ministério da Saúde.
Fotos: Gil Leonardi / Imprensa MG