Mais de mil pessoas aguardam por um leito de UTI em Minas Gerais.
A situação da rede de saúde em Minas Gerais é cada vez mais preocupante por conta do agravamento da pandemia e a transmissão maior do vírus. Só nos leitos de UTI, o número de pacientes que aguardam nesta segunda-feira (29) por uma vaga em todo o Estado é de 1.011 pessoas, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde. Desse total, 820 estão com sintomas de coronavírus Na última quinta (25), eram cerca de 700 na fila de espera – um aumento de quase 15% em apenas quatro dias
E o índice é ainda pior para leitos de enfermaria: 2.807 pacientes esperam a disponibilização de uma vaga, sendo 1.264 com a Covid-19. No fim da última semana, eram 1.187 pessoas nessa situação. Em Minas Gerais, a taxa de ocupação dos leitos de UTI para pacientes com a Covid-19 é quase 94% – o número é superior a 90% em nove das 14 regionais de saúde.
Com o Estado na Onda Roxa do programa Minas Consciente até pelo menos o próximo domingo (4), que encerra o feriado prolongado da Páscoa, o governador Romeu Zema voltou a alertar a população sobre o problema. “A Covid-19 cresce mais do que a capacidade de abertura de leitos. Hoje, os casos e óbitos em Minas são de pacientes infectados e internados há 20/30 dias. Além disso, o número de pessoas aguardando por uma vaga na UTI está aumentando”, declarou.
Por isso, Zema pediu que o isolamento social seja respeitado para “garantir que o cenário melhore e o sistema de Saúde recupere sua capacidade de atendimento”. Já o secretário executivo do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira, enfatizou que o em todo o país, mais de 6.000 pessoas estão na fila de espera por um leito de UTI exclusivo para a Covid-19 – Minas representa quase 13% desse total.
“O cenário é muito difícil a nível nacional, com um recrudescimento muito forte da pandemia, principalmente na população mais jovem. O adulto jovem tem um tempo de permanência maior em uma UTI. Não adianta abrirmos mais leitos porque há dificuldade com profissionais da saúde, principalmente médicos intensivistas, para dar conta dessa demanda toda”, declarou.
Conforme o dirigente, só o respeito da população às medidas de restrição pode ajudar a aliviar o panorama atual, enquanto o ritmo de vacinação segue lento no país. “As pessoas precisam evitar aglomerações, manter as mãos higienizadas, entre todos os protocolos já conhecidos. Estamos entubando pacientes nas UPAs, hospitais que não tem UTI fazendo esses tratamentos. O sistema está dando o seu jeito para atender, mas esse não é o melhor caminho. Precisamos do apoio da população”, finalizou.
‘Não é possível falar em fila’
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde alegou que, “quando se trata de demanda por determinado tipo de leito, não é possível falar em fila, uma vez que o processo é dinâmico e considera, para o atendimento, os critérios clínicos e de gravidade do paciente para a busca do leito específico a cada caso”. A pasta lembrou ainda que o “fluxo regulatório leva em conta a estabilidade ou não do paciente, a gravidade do caso, o tipo de leito disponível, o agravo ao qual este leito se destina”.
Sindicato diz que 200 pessoas aguardam por leito em BH
Na capital mineira, o panorama também é parecido. Segundo o Sindicato dos Servidores Públicos de Belo Horizonte (Sindibel), pelo menos 200 pessoas esperam por uma vaga no leito de UTI para tratar a Covid-19. E só nas últimas 24 horas, as UPAs, que são a porta de entrada do sistema de saúde e seguem em colapso desde a última semana, registraram a morte de 21 pacientes, sendo que dois foram por falta de respiradores e outros dois por conta da demora para acessar um leito intensivo.
“A situação vem se agravamento com muita rapidez. Soma-se a isso o cansaço e estresse emocional dos profissionais de saúde e a dificuldade em colocar novos leitos à disposição”, declarou o presidente da entidade, Israel Arimar de Moura. (Com Lara Alves)
informação: “O Tempo” – Foto: Michael DANTAS / AFP