Fazendo o bem sem olhar a quem…
Infância mineira sempre tem bicho por perto. Seja por indicação médica para crianças agitadas, solitárias, portadoras de alguma necessidade especial. Sei é que o tal bichinho de estimação pode surgir por motivos diversos, incluindo zelo, amor aos animais ou carências em geral. Ocorre que o tal ser irracional nos torna mais felizes, carinhosos, roubam nossos sorrisos com suas peraltices. Infelizmente em alguns casos, também provocam em nós atitudes agressivas reveladas em ponta – pés, chicotadas, chineladas e tantas outras agressões desnecessárias.
Guardo em minhas lembranças tão repletas de “causos”, recordações dos cães que possuía, chinelos por eles destruídos, brincadeiras de correr e ser premiada com lambidas que mais pareciam cócegas. Talvez para você a recordação esteja ligada aos pássaros de belíssimo cantar que rodeavam o quintal, janelas e varandas de sua casa. Infelizmente, muitos desses pássaros, viviam aprisionados em gaiolas e viveiros sem alegria. Saibam que diversos pássaros visitam minha varanda e janelas sem que eu precise aprisiona-los para isso, pois a natureza e amiga de seus amigos.
Não importa muito se nossas recordações são povoadas por: cães, gatos, pássaros, cavalos, tartarugas, cobras ou peixinhos. Se os animais nos fazem tão bem, se foram criados por Deus para nos servir, para quê tantas crueldades cometidas contra eles? Chicotear cavalos cansados e desnutridos, deixar cães acorrentados ao relento, famintos e sedentos, envenena-los a troco de nada? São essas as melhores soluções para faze-los se calarem ou andarem mais rápido puxando as carroças?
Dar aos mesmos regalias humanas é exagero e eu concordo plenamente, porém, qual a finalidade em se adquirir um animal e depois abandona-lo ou maltrata-lo? Que prazer estranho existe em vê-los feridos e ensanguentados como nas brigas de galo ou em esportes de caça estimulando o uso de armas de fogo?
Amigos (as) leitores (as), a maldade e a bondade começam a imperar em nosso interior nos pequenos detalhes, seja na infância ou no cotidiano adulto. Oriente aqueles que estão próximos a você e não contrate carroceiros que possuam animais mal cuidados. Ensine aos seus filhos o amor e respeito também para com a natureza.
Para mim, Carangola é uma cidade com pessoas tão engajadas que nesse pedaço de chão mineiro existe uma associação denominada “SPAC” Sociedade Protetora dos Animais Carangolenses. Organizada por pessoas generosas a associação conta até com apoio jurídico, não possuem canil e por isso não podem recolher definitivamente os animais que perambulam por nossas ruas. Contudo, através de doações recolhem as cadelas e com auxílio de um médico veterinário (cobrando apenas os material utilizado), elas sofrem uma intervenção cirúrgica ficando impedidas de procriarem futuramente. Também animais feridos ou famintos são tratados e alimentados.
Talvez o leitor (a) pense: tantas pessoas famintas e doentes, elas devem receber essa atenção e não os animais. Você está certo pensando assim, mas não podemos resolver os problemas da humanidade, muito porém ajuda se resolvermos os problemas ao nosso redor e realizando aquilo a que fomos chamados, nossa vocação específica. São Francisco de Assis chamava a natureza de irmã!
Uma dica para as madames e fazendeiros: adotem um animal de rua e consuma menos poodles, pitt – bulls (nada contra) e assim não iremos aumentar o comércio de animais, diminuindo a população canina e felina de rua. É estar na moda ter um vira-lata bem cuidado!
Quero encerrar nossa prosa citando um trecho da música “Diana” interpretada pelo grupo vocal “Boca Livre” e composta para uma cadela que veio a falecer.
“Velha amiga eu volto ä nossa casa, já não te encontro alegre quase humana. Corpo pintado de branco e marrom e uma tristeza no olhar como se conhecesse dor milenar…”