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Eleições: Mais padres nas prefeituras

Agora são 11 no comando
Em vez do altar, um gabinete. Mais do que força espiritual, o poder de decidir os rumos de uma cidade. O número de padres que deixaram a batina para virar prefeitos aumentou em Minas Gerais nas eleições de outubro, mesmo com forte pressão da Igreja Católica contra a candidatura dos sacerdotes. Nas eleições de 2004, a população de sete municípios mineiros elegeu padres para o cargo de prefeito. No pleito do mês passado, o número de pastores da Igreja Católica à frente das cidades subiu para 11.

Outros dois municípios são comandados por ex-padres, que deixaram a batina depois de entrar para a política. Na região, o prefeito de Manhumirim Ronaldo Lopes Corrêa teve seu mandato aprovado nas urnas e vai administrar a cidade por mais quatro anos. Ele defende que sacerdotes assumam cargos na política.
Por terem enveredado pelo caminho das filiações partidárias e da disputa nas urnas, os sacerdotes, que continuam com o título, tiveram suspensos pela Igreja os direitos e obrigações da ordenação. Não podem celebrar missas, ouvir confissões, realizar casamentos e batizados. Quando se candidataram, todos conheciam as retaliações, divulgadas em cartas e documentos emitidos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com base em posicionamentos do Vaticano.

RELIGIOSOS REELEITOS

Duas cidades de Minas Gerais são comandadas por ex-padres que largaram a batina depois de se embrenhar na política. Agostinho Carlos de Oliveira (PT), prefeito de Luz, e Luiz Araújo (PT), que governa Bonfinópolis de Minas, entraram como sacerdotes na disputa por votos em eleições anteriores, mas desistiram do ofício e passaram a se dedicar exclusivamente à vida pública fora da Igreja Católica. A população das duas cidades, a exemplo de Manhumirim, parece ter gostado do trabalho dos prefeitos. Ambos ganharam mais um mandato nas últimas eleições.

O prefeito Agostinho conta que começou a reavaliar a vida como padre em 1996, quando se candidatou a prefeito da cidade pela primeira vez. “Estava na paróquia com a missão de pregar na Campanha da Fraternidade daquele ano, cujo tema era política. À época, o prefeito anterior tinha sido cassado. Havia muita corrupção e houve um clamor da população para uma moralização da cidade, e entenderam que o padre poderia ajudar”, lembra Agostinho, que venceu a disputa e, ao final do mandato deixou, em 2000, de ser padre. O prefeito, hoje casado e com uma filha, acredita que caso não tivesse sido eleito poderia ainda estar no sacerdócio.

Afastado da Igreja, Agostinho, no entanto, lembra que, como padre, sofreu pressão da instituição para não se candidatar. “Tive que agir com muita diplomacia. Argumentei mostrando a situação concreta do município e a necessidade de mudança”, diz. O mesmo ocorreu com o ex-padre prefeito de Bonfinópolis de Minas. Na primeira vez em que se candidatou, em 2004, conta também ter sido compelido a desistir da disputa. Não adiantou. Luiz Araújo entrou na disputa, venceu e, ao final de 2007, entrou com pedido definitivo de afastamento do sacerdócio. “Mudei o foco, mas aquele espírito de liderança, de contato, continua porque o meio político exige isso”. argumenta.

ATRITO

Em meio aos prefeitos que ainda continuam como padres mas estão com a ordem suspensa por terem sido eleitos, parte prefere evitar comentários sobre os atritos com a Igreja. Outros, nada temerosos, se dispõem a criticar o posicionamento contrário às candidaturas dos clérigos.

Para o prefeito reeleito de Manhumirim, Ronaldo Lopes Correia, “algumas pessoas nunca vêem que a Igreja tem um papel a cumprir na política”. O prefeito também discorda da decisão da cúpula católica de suspender o ofício de padres que venceram as eleições. “É algo compatível (ser prefeito e sacerdote). Tem padre que é professor, médico, que cuida de fazenda. Por que não se pode exercer uma coisa em que você tem responsabilidade e, ao mesmo tempo, direcionar o orçamento do município para fazer coisas boas?”, questiona.

Nas últimas eleições, Ronaldo retirou o “padre” do nome nas urnas para, conforme o prefeito, “a igreja e adversários não falarem que estava usando o título para se candidatar”. À frente da prefeitura, o sacerdote suspenso diz continuar recebendo fiéis. “Muitos vêm pedir conselho, não o asfaltamento de ruas”, brinca.

Leonardo Augusto – Jornal Estado de Minas – 10:03 – 13/11/08

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